segunda-feira, 17 de fevereiro de 2014

Permita-se

Fotografia: Amanda Nakao

Outro dia eu estava bem triste. Dessas tristezas que doem tanto que o coração até amortece. Reclamei com minha mãe, minhas gatas, minhas amigas. Reclamei com o moço da cantina da faculdade. Com meu diário, meu travesseiro, meu espelho. Até que, do nada, uma amiga me perguntou o que eu estava fazendo pra mudar. O coração saiu do modo automático e o mundo, que estava em preto e branco, ganhou tons pastéis.

Vejam bem, eu odeio tons pastéis. Acho sem graça, sem sal, morno. Mas ali, naquele momento, fazia todo o sentido. Minha vida, que antes estava tão fria, emorneceu. E eu caí em mim. E sorri. Sorri demorado, sincero. Sorri porque tudo estava uma grande merda, mas eu tinha tomado consciência de que precisava mudar.

Permita-se. O sol vai nascer todos os dias, mas às vezes a gente não vai poder ver. Permita-se aproveitar os dias nublados tanto quanto a criança aproveita os sábados de sol. Permita-se ser um pouco triste, porque depois da tempestade sempre vem o raio de sol. Permita-se ser você mesmo, mesmo que incomode demais. A gente não tem culpa pelo que é, mas tem total culpa pelo que não tentou ser. Permita-se chorar, seja de felicidade ou tristeza. Permita-se sorrir com todos os dentes, com todo o coração. Permita-se ser gigante, ser livre, ser infinito. Permita-se ser intenso, ser sincero, ser confuso. 

É que às vezes, quando a gente está míope, precisamos de um bom amigo pra nos ajudar a enxergar, mas ninguém nunca vai poder fazer isso pela gente.

Um comentário:

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